A privacidade digital foi um dos assuntos mais discutidos no ano passado.
Do uso indevido de informações pessoais, por empresas tecnologia, até a espionagem governamental, revelada por Edward Snowden, no escândalo NSA.
Muita gente achou que tínhamos chegado no limite da invasão de privacidade.
Sinto informar, mas você (e as empresas) ainda não viram nada.
Na semana passada, a CES 2014 – maior feira de tecnologia do mundo – confirmou a aposta de grandes marcas nos chamados computadores vestíveis.
Um vídeo conceito da Intel mostra bem o que é isso.
A tecnologia vestível está engatinhando, mas já é real e tem um potencial enorme a curto prazo.
Com ela vamos poder espalhar sensores por nossas roupas e acessórios (mais pra frente, implantar em nossos corpos).
A partir daí será possível monitorar dados pessoais em tempo real e enviá-los para outros dispositivos ou pessoas, pela internet.
Nesse caso, as informações vão muito além de nossos hábitos de consumo.
É possível, por exemplo, acompanhar passo a passo indicadores de saúde.
E o que isso tem a ver com a privacidade?
Imagine um aplicativo de tecnologia vestível capaz de identificar se a sua pressão está alta.
Você recebe um alerta para que tome as medidas necessárias. Ótimo.
Agora pense que essa mesma informação pode ser vista por empresas em buscas de publicidade direcionada.
Na mesma hora você vai receber um anúncio de um remédio para pressão alta ou de um livro com dicas de saúde.
Algo parecido com essa cena do filme Minority Report .
Não se assustou com a publicidade?
Pense agora nas questões éticas.
Quanto chegarmos no monitoramento genético, dependendo da doença, um plano de saúde poderia recusar um contrato ou, uma empresa, deixar de contratar um funcionário.
O filme GATTACA retrata esse cenário distópico.
Parece exagero mas, tecnologicamente, é possível.
Com os dispositivos vestíveis o nível de informações pessoais, potencialmente ao alcance das empresas, vai aumentar significativamente.
O fim da privacidade está apenas começando.
R. C.
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